sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Quase uma despedida


Há quem diga que tudo acontece por algum motivo. Eu acredito nisso. Tudo está relacionado. Encontros e desencontros têm suas repercussões nas vidas daqueles quês estão envolvidos na história. Na verdade toda mudança é complicada e só depois de um tempo vemos o estrago que foi feito, ora bons, ora ruins. Pare agora por um instante e imagine. Pense um pouco o que aconteceu a você nos últimos anos. Com certeza cada um tem experiências para compartilhar. Muitos caminhos se cruzam ou se emparelham. E tudo, absolutamente tudo fica armazenado na nossa memória. Marcas tristes que nos fazem chorar na madrugada, essas geralmente duram bastante. E marcas boas que nos fazem sorrir como bobos vez ou outra em devaneios momentâneos. 

A minha história é um pouco mais “agitada” do que queria. E querendo ou não, ela não pertence somente a mim. Nesses quatro anos muita coisa aconteceu. Aqueles que estão ao meu redor puderam, mesmo que de relance, ler algumas páginas do meu livro. Acho que um gênero específico limita os contos que vivi. Em cada sentença há inúmeros personagens, heróis, protagonistas, vilões. Para ser mais direto, os capítulos que escrevi nas escola (com vocês) são os que me interessam mais. Ao mesmo tempo são os mais difíceis de serem lidos. Machucam demais. Isso porque são os melhores. Como leitor é fácil de entender, há sempre um pesar ao virar da página, pois sabemos que o final só está se aproximando.

Isso tudo me leva a pensar, como pessoas tão diferentes podem se entenderem tão bem? Será que é instinto de sobrevivência, se enquadrando no grupo? Não sei bem a resposta, mas sei que com o meu grupo dá certo. Nem tanto assim. Sempre há intrigas e desentendimentos que levam ao estresse total e segundos depois nos fazem rir. Esses altos e baixos é que fazem a convivência mais divertida. Parece que isso vai durar para sempre. Na minha cabeça é como se fossemos continuar nos encontrando todos os dias. Qual é? Somos uma família, das mais estranhas, mas somos. Só em pensar que o final desse livro se aproxima minha mente pira e insiste em me punir com lembranças, me afogando numa completa nostalgia. 

Não queria que fosse assim. Não queria precisar me despedir de vocês. Minha vida sempre foi assim, quando me encanto por algo o tempo resolve me derrubar no chão com toda força. Isso é o que acaba comigo. É sempre um processo doloroso curar a dor. É uma sutura sem anestesia. Entretanto, por mais que doa, sempre irei lembrar-me de seus rostos, sorrindo, chorando, cantando, brigando, fazendo careta... 

(Nesse exato momento é difícil continuar escrevendo. O coração acelera, as lágrimas ameaçam precipitarem ao longo do rosto. E as lembranças surgem quase como um trailer. A mente fica confusa e tudo aparenta ser tão passageiro, tão frágil.) 

Bem, quero que saibam que não seria metade do que sou hoje sem a ajuda de vocês nessa jornada. Muitos me ajudaram a enfrentar dragões, derrotar demônios, destruir correntes, escalar montanhas. Nos menores gestos (e grandes) cada um tem um pouco de culpa por eu ser assim hoje. Hehe, eu sei, um estrago, mas acontece. Infelizmente esse livro que tanto aproveitei e me diverti está nos últimos capítulos, e tudo que desejo é que ele se estenda, mas não vai acontecer. Tenho certeza que a vida nos mostrará infinitos trilhos para seguir, e creio eu, mesmo que inocentemente, que algum dia, em alguma estação, nossos caminhos irão se entrelaçar de alguma forma. Eu sei, é algo difícil de acontecer, pois sabemos que não vivemos em um filme. Mas manterei sempre essa esperança. Na verdade só depende de nós esse reencontro, afinal estamos no volante. 

Espero fazer parte (mesmo que seja mínima) na vida de vocês como sempre farão da minha. Espero que não nos esqueçamos uns dos outros com o tempo. E lembrem-se, não importa o aconteça com você, jamais poderão roubar o que você guarda de verdade no “eçi dois”. ^^

Haa, na verdade, uma história nunca acaba mesmo!... ;) 



Dedicado a minha querida turma. 1,2,3,4.8426.1M

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Ilusão


Todo mundo tem um lugar mágico onde se sente seguro e em paz. Pois é, comigo não era diferente. De todas as formas de fugir da realidade esta era a minha favorita. Todos os dias da semana eu era forçado a vê-la, mesmo contra meu querer, mas esse era o problema, eu queria. Sim, eu queria e ansiava para poder ver ela novamente. Era como uma santa em seu pedestal, eu observava de perto seu jeito, porém, para mim ainda era longe demais. Nunca a física permitiria alguns passos se tornarem tão distantes como milhas. Na verdade a física não estava nem ligando para mim e vice-versa. Sempre fui ruim em cálculo, uma vergonha. A questão é que me sentia incomodado com essa situação, ora de forma positiva, ora negativamente, isso me deixava louco. E quem não se sentiria assim em meu lugar? Um garoto mais ou menos inteligente que era mais tímido que uma laranja, sem contar que a beleza se resumia em “você é legal”. 

Já por outro lado, ela sempre fora e ainda é muito linda e um pouco boba de uma maneira cativante. Seu cabelo escorria dividido pelo rosto e repousava sobre os ombros, perdoe o clichê, quase como uma cachoeira. Os olhos claros eram como esmeraldas ou diamantes, não sei ao certo, mas era de tirar o fôlego. Quando recebia a luz do sol só aumentava a beleza. Será que só eu reparava nela assim? Duvido. Sua formosura era digna de ser exibida a todos. O jeito moleca era incrível. O andado, o sorriso, a risada. Tudo parecia radiar. A cada segundo de vista era uma confusão declarada na minha mente. Tantos desejos, tantos sentimentos. No começo era fácil ignorar, entretanto, a cada dia que passava eu percebia mais detalhes, mais qualidades. Foi aí que percebi que estava ferrado. Já havia caído na teia e estava pronto para ser embrulhado.

Com tudo isso circulando em meu sangue era difícil negar favores a ela. Nunca fui popular, então seria uma boa oportunidade “servir” alguém tão bem vista. Nos primeiros meses até que foi legal, contudo, minhas “tarefas” estavam banais. Eu acreditava que receberia algo em troca, um abraço, um beijo. Mas se resumia em sorrisos e obrigados secos. Sempre a considerei uma princesa e eu era o sapo que ela não queria beijar. Confesso que nunca havia falado o que sentia para ela, não tinha coragem, era capaz de ela rir ou até bater em mim. O silêncio se tornou meu inimigo e minha mente meu carrasco.

E se eu tivesse contado?

E se eu fosse mais ousado?

Jamais irei saber. Não há o amanhã, do mesmo modo que não se pode ler um livro sem ser escrito. Não poderia saber. Quanto a isso só me restara uma eterna interrogação. Uma das poucas certezas vigentes era o qual não existia o “eu e ela”. Sabia que nunca iria acontecer. Sabia o final do filme e sabia que era triste, mas continuei assistindo e sofrendo. Depois de muito tempo, não lembro ao certo por que, despertei desse sonho, dessa vã expectativa positiva. Só então percebi o quão fui idiota, quanto tempo havia perdido. Com isso fui vendo que o sorriso dela ainda era bonito e ainda seria, mas não para o meu deleite e sim para meu massacre. Ela sempre fora uma sereia e assim como na mitologia, ela me encantara e estava me arrastando para o fundo do mar gelado. O problema é que mesmo livre de seus feitiços ainda ficaria com essas marcas por um tempo.

Hoje olho no espelho e não me vejo o mesmo, não encontro mais vestígios do que um dia fora um sonho. Quer dizer, aquilo fora uma insípida ilusão.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Um novo Amigo


Sempre que algo tende à estagnação ou declínio, a vida vem com alguma surpresa e muda esse quadro totalmente, melhorando ou piorando, isso dependo do ponto de vista. O que presenciei não foi diferente. Certas coisas simples, feitas na hora apropriada, causam impactos de dimensões imensuráveis. Um sorriso, uma palavra, um abraço, uma mão estendida.

Quem está no meio do furacão não consegue respirar direito e a visão não é bem clara. A única coisa que passa pela mente é a necessidade de se agarrar em algo. Muitas vezes seguramos em coisas frágeis que pode nos levar ainda mais para longe. Às vezes perdemos a esperança de sair vivo, sangramos, choramos, sofremos. Entretanto por milagre, assim prefiro acreditar, tocamos em algo que aparenta estar firme. Logo todas as forças são impulsionadas a um único objetivo, se salvar. O tempo passa, a força diminui, mas não largamos. Quando o destino resolve mudar o plano de fundo da situação, o tornado se desloca para longe, para poder atormentar outro alguém, conhecido ou não. Infelizmente no momento de aflição não pensamos nas condições que o nosso porto seguro pode ficar, muitas vezes arrasado.

Esse porto forte em outras dimensões também é chamado de “amigo”. Geralmente é bastante resistente a tempestades, mas sempre precisa de manutenção e cuidados. Na minha vaga existência nesse grande universo pude encontrar poucos “portos-amigos”. Fui egoísta. No mar de sangue que me afogava só buscava a minha libertação. Porém sei que nessa escuridão nunca estive só, muitos se apoiavam em mim para respirar enquanto meus pulmões sucumbiam no desespero. No entanto, isso serve de aprendizagem, agora sei nadar, sei encontrar os amigos sem precisar de faróis. Mas que habitante, sou um arquiteto dentro desses portos. ... E melhor, aprendi a ser um!




Dedicado a meu amigo Felipe